Blog do dISPArteatro - Grupo de Teatro do Instituto Superior de Psicologia Aplicada

segunda-feira, abril 24, 2006

4 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

com esta foto no blog vamos ter que começar a ter mais controlo nas entradas ou então arranjar seguranças ao afonso senão qq dia é atacado!!! olhem que a primavera não brinca!!! :)
admiro o teu à vontade afonso. parabéns!
que se fodam os tabus!!!!

segunda-feira, abril 24, 2006 7:39:00 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

é isso mesmo, que se fodam os tabus!!! parabéns pelo teu à vontade afonso. tem é cuidado que com esta publicidade no blog ainda és atacado em plena actuação! :)

segunda-feira, abril 24, 2006 7:44:00 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

"O Pacto"

O tempo passava lentamente. Fazia-se tarde, demasiado tarde para a consciência que ainda pudesse estar alerta... Z. indagava-se sobre toda a perenidade do momento e das escolhas que fizera à falta de melhor modo de embranhar a mente no esquecimento fútil. A frivolidade precisava de ser solta uma vez mais.
Pegou no novo livro que comprara numa recôndita e bafienta loja pertencente a um invulgar e algo esotérico alfarrabista... "Nunca se aproxime desse livro nem nas horas mais negras nem quando precisar de uma bengala para a abstração", dissera-lhe entre receber a nota e dar o troco. Era um livro sedutoramente sombrio, um vulto do mais obscuro encanto, com uma capa de textura tão aveludada que mais parecia ser feita da mais pura seda ou de um tecido resgatado de um conto de fadas... As páginas amarelas, poeirentas, uma lápide dum túmulo soterrado, com os cantos recortados pelas unhas da corrosiva mão do tempo, um lacinante elemento da realidade. As runas que figuravam em relevo como pequenos detalhes talhados na mais delicada filigrana atraiam-no, compeliam-no a contemplar a ténue luz que delas emanava... Saíra da loja, o telemóvel tocara entretanto e mal tivera tempo de o desligar pois o autocarro por pouco lhe escapava. E não se lembrara mais do livro até então...
Deixara de conseguir escrever, uma dor destruíra a sua mais pura fonte de criação, um oásis que se tornou árido no deserto da melancolia, a paisagem da sua alma... A caneta como que lhe escorregava da mão, os dedos pareciam arder como que queimados pela mais intensa chama. Os pensamentos bloqueavam, largos demais para os poros da mente. A voz extinguiu-se na garganta, um nó de corrupção interna bloqueava as suas cordas vocais. As suas faces encontravam-se sulcadas pelo interminável rio de lágrimas que brotavam dos seus olhos, banhavam o seu rosto e desaguavam na sua boca. Por isso, preferiu render-se às evidências e afastar-se de si e de qualquer expressão que daí surgisse.
Contra as advertências do alfarrabista, num momento de apogeu de caos interno, abriu o livro, deixou-se inebriar pelo cheiro que só os livros velhos possuem, e entregou-se à primeira palavra como quem se entrega a um primeiro amor.
Uma melodia percorria-lhe a mente à medida que a leitura se ia aprofundando, como se em vez de frases figurassem pautas da mais bela música, uma melodia que lhe extirpava a alma do corpo, uma melodia que o purificava pela dor infinita.
Frases que apelavam à revolução dos sentidos, ao destruir da sensibilidade, ao congelar do sentimento. Um grito de insatisfação contra toda o aparente desiquilíbrio que escapa à regra vigente do equilíbrio para que tudo o que existe tende, em que as perdas não ultrapassam os ganhos, um pacto demoníaco: a alma pela verdade isenta de dor.
Sim, era isso! Tinha de renegar tudo o que defendera como certo, lógico e verdadeiro. Desafiar toda e qualquer doutrina. Destruir o tudo e demolir o nada. Assumir-se como a mais pura neutralidade, um arauto da mais crua isenção existencial.
Devorava cada página com enorme avidez, até que o fim qual meta certa, como o é a morte no trajecto da vida, se aproximara. Pousou o livro, os primeiros raios de sol ameaçavam surgir no horizonte.
Sabia, por fim, o que tinha de fazer. Fora buscar a faca à cozinha, e começara a fazer pequenas incisões ao longo do seu corpo, cada grito de dor que soltava parecia libertá-lo, enquanto segurava na mão esquerda o livro... O sangue começara a envolver os seus pés, o chão que o rodeava, a escorrer interminavelmente. Como que por magia vinda das mais negras artes ou um milagre de divina reencarnação, o sangue fluía em direcção ao livro, que o absorvia como uma entidade sequiosa... Por fim, quando todo o sangue de Z. fora extraído do seu corpo moribundo que então se encontrava estendido no chão, o livro fechou-se e um casulo envolvera-o, uma metamorfose do qual viria eclodir, momentos depois, o mesmo livro mas com mais volume, as suas páginas haviam-se multiplicado. De repente, uma forte ventania entrou pela janela, levando a que o livro se abrisse até ficar na última página; na face interna da contracapa figurava uma inscrição num tom escarlate de sangue seco: "A alma por uma eternidade sem dor e plena de transmissão de conhecimento".
Lá fora um dia lindo ganhava forma...

terça-feira, abril 25, 2006 6:24:00 da manhã

 
Anonymous Anónimo disse...

anonymous = afonso (n reparei antes de deixar o comment)... aqui está outro "devorador de corações"

terça-feira, abril 25, 2006 6:26:00 da manhã

 

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